domingo, 28 de dezembro de 2008

“Tenho feito da refinaria no Maranhão uma bandeira de luta”




Às vésperas de completar um ano no cargo (tomou posse em 21 de fevereiro), o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, consagrou-se como um dos mais importantes membros do primeiro escalão do governo Lula. À frente de uma estrutura responsável pela execução de mais da metade das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ele responde por questões fundamentais para o desenvolvimento do país, como a definição das regras para exploração das gigantescas reservas de petróleo localizadas na província marítima do pré-sal e a retomada dos estudos de prospecção no litoral que vai do Nordeste à Amazônia. As pesquisas incluem Barreirinhas, onde há indícios da presença e gás e óleo, o que pode significar boas novas ao Maranhão. Em entrevista exclusiva a O Estado, Lobão disse acreditar que “os pessimistas perderam suas apostas” quando previram o seu insucesso à frente da pasta, manifestou otimismo em relação ao futuro do país e garantiu que as obras coordenadas por seu ministério não serão comprometidas pela crise econômica mundial. O ministro reafirmou a decisão de construir em Bacabeira, a 60 quilômetros de São Luís, a maior refinaria de petróleo da América Latina e disse ter esperanças de que o Maranhão será, muito em breve, um estado desenvolvido. “O Maranhão pode contar comigo”, disse Lobão, nesta entrevista.


O ESTADO – Ministro, que avaliação o senhor faz do seu primeiro ano à frente de um dos mais importantes ministérios do governo Lula? Que contribuição o senhor acha que está dando ao país no comando de um setor vital da sua economia?

LOBÃO – Este foi um ano extraordinário para o Brasil. A economia cresceu em ritmo surpreendente, melhorou a qualidade de vida da maioria da população e o país conquistou definitivamente um papel de relevância no cenário internacional, admirado pela solidez de suas instituições, pela força de sua democracia, pela dimensão de suas riquezas naturais, pela proporção do seu mercado consumidor, pela liderança incontestável que exerce na América do Sul e por sua importância como país em desenvolvimento, prestes a se tornar uma nação desenvolvida. Essa é uma realidade que nós percebemos melhor lá fora, no exterior, quando observamos o quanto o Brasil é hoje admirado e respeitado. Agora mesmo, acabo de chegar de Londres, onde, a convite do governo do Reino Unido, participei, pela segunda vez este ano, de reunião dos países produtores e dos maiores consumidores de petróleo do mundo (a primeira foi em Jeddah, na Arábia Saudita, em junho). O Brasil é chamado a participar das grandes discussões de interesse mundial. No Ministério de Minas e Energia, enfrentamos o desafio de manter uma política energética que assegurasse o ritmo da atividade econômica do país, sem interrupções ou percalços. Todos se lembram de quando assumi o Ministério, no fim de janeiro. Falava-se na possibilidade de um “apagão” ou, no mínimo, de um racionamento de energia. Alegava-se minha suposta falta de experiência no setor para antecipar um possível insucesso. Não houve nem haverá apagão e graças a Deus temos sido muito bem-sucedidos. Os pessimistas perderam suas apostas. Modestamente, acredito estar conduzindo bem o ministério. Trouxe para cá uma longa experiência de parlamentar e a de governador do meu estado, e reuni uma excelente equipe ao meu lado. O ministério vai muito bem, é o que me diz freqüentemente o presidente Lula, é o que ouço de setores do governo e da sociedade, é o que leio na imprensa, é a resposta que percebo em toda parte, onde sempre sou bem acolhido. No comando dessa importante pasta, responsável por mais de 50% das obras do PAC no país, tenho agido com firmeza, garantindo a correta execução de todos os investimentos previstos nas áreas de geração e transmissão de energia, petróleo e gás natural, combustíveis renováveis e na área de mineração. Poucos países podem, como o Brasil, dizer que tem segurança energética pelos próximos 30 anos, porque temos planejamento de curto, médio e longos prazos. De modo que, respondendo à sua pergunta, foi um ano excelente para o Brasil, e eu me sinto honrado em ter contribuído, à frente do ministério, para os êxitos do governo nesse período.


O ESTADO – O problema é que essa fase de euforia, de entusiasmo com a economia, tende a se esvair com a chegada da crise econômica, que ninguém esperava e que já começa a afetar o Brasil. Os investimentos programados pelo seu ministério não serão prejudicados pela crise?

LOBÃO – É importante observar que os investimentos nos setores energético e de mineração são caracterizados por longos prazos de maturação, que extrapolam períodos de “bolha” e de crise, considerando expectativas de evolução da demanda futura. Tenho repetido que o Brasil apresenta condições reais de praticar políticas anti-recessivas, apoiando a manutenção do consumo e do investimento nos programas sociais federais, no PAC e na indústria de energia, principalmente eletricidade, gás natural, petróleo e biomassa. Investidores do Japão, China, Estados Unidos, Reino Unido, de muitos outros países, têm nos procurado freqüentemente para manifestar o propósito de participar dos empreendimentos no setor energético brasileiro. O governo já decidiu que, apesar da crise, vai manter os seus investimentos.


O ESTADO – Inclusive a refinaria do Maranhão?

LOBÃO – Inclusive a refinaria do Maranhão, que será a maior da América Latina e que vai transformar a base econômica de toda a região onde estará inserida, tendo por epicentro o complexo portuário de São Luís. O Brasil precisa ampliar a sua capacidade de refino de petróleo em 1,2 milhão de barris por dia, e a refinaria a ser implantada em Bacabeira será responsável, sozinha, pelo atendimento de metade dessa demanda futura por produtos acabados da indústria do petróleo. A Petrobras planejou a construção de cinco refinarias no país: além do Maranhão, no Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro, com o objetivo de produzir gasolina e outros derivados do petróleo de altíssima qualidade para grandes mercados mundiais. Nos próximos dias, a Petrobras vai divulgar o seu Plano de Investimentos, confirmando a decisão de fazer a refinaria, que é uma decisão do presidente Lula, e atende aos melhores interesses do Brasil. Como ministro de Minas e Energia, senador da República e cidadão maranhense, tenho feito da refinaria para o Maranhão uma bandeira de luta, na convicção de que ela provocará uma grande transformação no estado, gerando milhares de empregos, dinamizando a economia como um todo, elevando-o à condição de um dos estados mais desenvolvidos do Brasil.


O ESTADO – Mas os investimentos no pré-sal, diante dos preços do petróleo, que recuaram a cerca de 35 dólares o barril, podem ser inviabilizados?

LOBÃO – Tampouco se cogita cancelar os investimentos na exploração do pré-sal. Muito pelo contrário. Precisamos explorar essa riqueza em benefício de todos os brasileiros. Esses são investimentos que não se fazem no curto prazo. A província marítima do pré-sal, onde se encontram reservas incalculáveis, só começará a ser efetivamente explorada dentro de três, quatro anos, quando esta crise será coisa do passado. Mas, para dobrar nossa produção de petróleo, nós, que já somos auto-suficientes, basta que exploremos apenas as áreas já licitadas, dentro e fora do pré-sal. Acabamos de realizar a décima rodada de licitação para exploração de mais de 100 blocos. Em matéria de petróleo, o Brasil será muito em breve uma grande potência.


O ESTADO – Como ministro de Minas e Energia, o senhor está coordenando a Comissão Interministerial criada pelo presidente Lula para definir o novo marco regulatório do petróleo, tendo em vista essas descobertas do pré-sal. Como está o trabalho da Comissão?

LOBÃO – O trabalho está concluído. Tive a satisfação e o orgulho de cumprir essa tarefa da maior relevância para o país, que foi coordenar esse grupo de ministros em busca de alternativas para um marco regulatório do petróleo. Diante das recentes descobertas, que colocam o Brasil num novo patamar no universo dos produtores de petróleo, tornou-se imperioso definir as regras do jogo, para que essa riqueza seja de fato de todos os brasileiros, e não apenas de alguns privilegiados. A Comissão analisou os modelos existentes na maioria dos países produtores de petróleo, discutiu alternativas e vai apresentar um conjunto de propostas ao presidente Lula, para que ele possa decidir com segurança, depois de consultar a sociedade, como é do seu desejo. Essa é uma decisão que tem a ver com o futuro de todos os brasileiros. Portanto, foi com muita honra e a noção exata de sua responsabilidade que recebi mais essa missão do presidente Lula.


O ESTADO – E quanto às prospecções na bacia de Barreirinhas?

LOBÃO - Logo que cheguei ao Ministério, orientei a Petrobras no sentido de que retomasse imediatamente estudos de prospecção em Barreirinhas, onde há indícios da presença de gás natural e óleo. A confirmação dessas suspeitas seria uma descoberta extraordinária para o nosso estado. As prospecções foram retomadas ao longo de todo o litoral que vai do Nordeste à Amazônia e temos esperanças de que, em breve, teremos boas novas relativas a Barreirinhas.


O ESTADO - Além da refinaria, pela qual o senhor tem demonstrado tanto empenho, que outros benefícios o seu ministério está proporcionando ao Maranhão?

LOBÃO - O Ministério de Minas e Energia tem uma forte presença no Maranhão. Basta dizer que metade dos investimentos do PAC no Maranhão, e em todo o Brasil, está sob a coordenação do nosso ministério. No Maranhão, o governo está garantindo investimentos em hidrelétricas, como a de Estreito, a maior em execução no Brasil, a de Serra Quebrada, ambas no Tocantins, além de outras cinco centrais hidrelétricas a serem construídas ao longo do rio Parnaíba. São investimentos em usinas de geração termelétrica, como a que está sendo implantada em São Luís. O Maranhão, que dispõe de energia farta, proveniente de Tucuruí e da Chesf, tem, no entanto, uma precária rede de distribuição, o que deixa imensas regiões, como a Baixada Ocidental e a região sul, desprotegidas, com energia insuficiente ou inadequada. Para resolver definitivamente essa situação, estamos construindo as linhas de transmissão e realizando as obras necessárias para garantir energia farta e de qualidade em todo o estado. O Ministério de Minas e Energia realiza no Maranhão um dos mais importantes programas sociais do governo Lula, o Programa Luz para Todos, que está promovendo uma verdadeira revolução no campo. Somente este ano, asseguramos recursos da ordem de R$ 200 milhões para viabilizar o programa no estado. Foram mais de 30 mil ligações no estado. Em 2009, esse número será multiplicado muitas vezes, e até 2010, se Deus quiser, haverá energia elétrica em todos os lares do Maranhão.

Ô coitado! Quando ele descobrir que tudo o que ele está fazendo está sendo creidtadoa jackson, vai ter um enfarte.

O ESTADO – O Maranhão pode, então, contar com o apoio do seu ministério?

LOBÃO – Tudo o que sou devo ao povo maranhense, que a cada eleição, a cada julgamento através do voto, renova em mim a sua confiança e o seu apoio. Ser ministro de Estado é uma oportunidade de servir ao Brasil como um todo, mas também uma oportunidade rara de melhor atender aos interesses do Maranhão e do seu povo. O Maranhão pode contar comigo sempre. E todos podem estar certos de que, ao viabilizar a refinaria de petróleo e os grandes investimentos em obras estruturantes no estado, e ao garantir a universalização do atendimento de energia no estado, estamos contribuindo para que o Maranhão seja, em breve, um novo estado, mais rico, mais próspero e mais feliz. E eu terei justificada a minha passagem pelo ministério.


http://imirante.globo.com/oestadoma/...codigo1=147206

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