Brasil volta a lançar um foguete suborbital após a tragédia de 2003
19/07/2007 - 15h08
Manuel Pérez Bela Brasília, 19 jul (EFE).- Após sete adiamentos consecutivos, a Agência Espacial Brasileira (AEB) lançou hoje com sucesso um foguete suborbital com experimentos científicos, o que representa o reinício de seu programa espacial, paralisado desde 2003, quando aconteceu um grave acidente.
A de hoje era a última tentativa prevista de lançar o veículo espacial, após uma semana de atrasos acumulados para aumentar a segurança e evitar um novo desastre como o ocorrido na base de Alcântara em 2003, que deixou o centro quase inutilizado e causou a morte de 21 técnicos.
O foguete, de 12 metros de comprimento e 2,5 toneladas de peso, foi lançado da base de Alcântara, no Maranhão, às 12h13, em sua última oportunidade de lançamento.
O diretor da base, o coronel Rogério Veríssimo, comentou que aprenderam muito do acidente de 2003, por isso que para este lançamento foram "redobradas" as medidas de segurança.
Após esta missão, a base brasileira poderá retomar o lançamento de foguetes com fins científicos, como o enviado hoje, e começará a sonhar com a comercialização do lançamento de satélites, mercado que a AEB calcula que pode movimentar US$ 5 bilhões na próxima década.
Segundo explicou à agência Efe o diretor de transporte espacial da AEB, João Luiz Azevedo, estes dois programas "não têm uma relação imediata e direta", já que para lançar satélites o Brasil ainda está muito longe e de fato o foguete lançado hoje só voou cerca de 20 minutos e alcançou uma altura máxima de 285 quilômetros.
"O caminho crítico é a reconstrução da torre de lançamentos" de veículos propulsores de foguetes com capacidade para transportar satélites, que ficou "totalmente destruída" em 2003, disse Azevedo.
A AEB abriu uma licitação para reconstruí-la, mas atualmente está parada nos tribunais por um litígio entre duas empresas que pleiteiam o projeto.
Segundo Azevedo, uma vez superado o trâmite jurídico, a construção da torre levará 18 meses e o primeiro lançamento de foguetes poderia acontecer dois ou três anos depois.
O programa de "acesso ao espaço" é a segunda verba orçamentária mais destacada do programa espacial brasileiro, que foi duplicada nos últimos três anos e em 2008 chegará a US$ 400 milhões.
A primeira parcela responde a necessidades de terreno: a melhora da infra-estrutura, que no ano que vem absorverá a metade do orçamento, para transformar Alcântara na pedra angular do programa espacial.
A paupérrima cidade que dá nome à base, constituída por casas de pau-a-pique ou tijolo exposto, erguidas por seus habitantes, absorverá grande parte destes investimentos.
Azevedo explicou que Alcântara carece de centro médico, escola e de imóveis de qualidade para os empregados da base, que se vêem obrigados a viajar diariamente de São Luís, capital do Maranhão, situada a uma hora de navegação e que está conectada por apenas um barco comercial por dia.
"Vamos criar condições para que as pessoas viva aqui", assegurou Azevedo.
Orçado em US$ 1,25 milhão e construído em parceria com a Agência Espacial Alemã, o foguete VSB-30 foi colocado em órbita a 285 quilômetros de altura, na camada exterior da atmosfera, com uma carga de nove experimentos científicos preparados por universidades brasileiras.
Para chegar a este dia, a AEB precisou de três testes prévios. O primeiro foi realizado em Alcântara em 2004 e os dois seguintes na Suécia em anos sucessivos.
Mas só após o lançamento de hoje, o foguete VSB-30 terá a permissão para decolar do Brasil.
Seu próximo lançamento, em novembro, levará às camadas exteriores da atmosfera vários experimentos elaborados por instituições argentinas.
O Brasil também tem projetos de lançamentos de outros veículos espaciais em colaboração com China e Ucrânia e ambiciona, além disso, comercializar vôos com fins científicos, e a médio prazo, lançamentos de satélites.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2007/07/19/ult1809u12122.jhtm
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