segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Maranhão sofre com falta de leitos para doentes

Maranhão sofre com falta de leitos para doentes


Diariamente centenas de usuários dos serviços de saúde enfrentam o caos na Saúde, déficit de leitos e muita demora no atendimento

Carolina Nahuz

O Imparcial





Quase cinquenta pessoas a mais por cada leito no Maranhão. O cálculo é baseado em dados do Sistema DataSUS, do Ministério da Saúde. De acordo com o órgão, os parâmetros de assistência à saúde determinam que existam pelo entre 2,5 e 3 leitos para cada mil habitantes. Como no Maranhão há 6.118.995 pessoas, conforme último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção fica em 380,88 cidadãos por leito. O número ultrapassa em quase cinquenta a média nacional estabelecida: 333,33 por leito.



A Portaria que traz a recomendação é a de n.º 1101, de 2002. No Brasil, existem hoje 499.275 leitos, com uma razão de 2,62 unidades por grupo de 1 mil habitantes, ou seja, o que obedece aos parâmetros da portaria.



Ligados diretamente ao estado, são 1034 hospitais no Maranhão. A informação da Superintendência de Acompanhamento da Rede de Serviços da Secretaria Estadual de Saúde da conta de que mais da metade deles estão em São Luís: 570 contra 464, nas demais localidades.



Superlotação

Filas nas portas dos hospitais para consultas ou tratamentos emergenciais são cenas comuns na cidade. Ambulâncias que trazem doentes de outros municípios ou mesmo aqueles que vêm por conta própria também fazem parte do cotidiano.



Em São Luís, que recebe tanto pacientes da cidade como das demais em função da estrutura e infraestrutura, são 4284 leitos, divididos em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) e particulares. De acordo com o secretário de saúde do município, Gutemberg Araújo, tal dificuldade sobrecarrega os hospitais da capital maranhense. “Isso causa superlotação. Temos que abarcar muitos pacientes e precisamos receber com o apoio dos demais municípios”, disse.



O Hospital Socorrão I, apontado como o principal reduto de urgência e emergência hospitalar da capital, é alvo de reclamações por conta da demanda que chega diariamente em busca de atendimento. “O corredor está lotado. Meu pai está na enfermaria. Eles [os pacientes] estão deitados, sentados. Tem até um senhor no chão. Está cheinho. Gente com soro por todo o canto”. A descrição é de Elza Alves Pereira, que havia entrado pelos corredores do hospital para visitar o pai.



Assim como ela, outros acompanhantes que estiveram nas dependências do hospital relataram uma situação de excesso de pacientes e demora no atendimento. Glória Cardoso passou a tarde na porta do hospital à espera de notícias de um aluno do colégio onde trabalha, levado por ela por ter passado mal e desmaiado. “Eles dizem que aqui tem organização, mas não tem de jeito nenhum. É tudo cheio de gente, bagunçado demais”, comentou.



Para Priscie Neves, que ainda não havia sido atendida, a situação a impressionou pelos depoimentos de outros pacientes. “Da outra vez que eu entrei [dia anterior], eu vi pessoas em macas no meio do corredor e achei isso incrível. Nunca tinha visto nada assim”, alarmou-se Priscie, que mora no Rio de Janeiro e veio a São Luís exclusivamente para visitar o irmão após uma operação.





Estabelecimentos de saúde



A defasagem de leitos no estado é reflexo, inclusive, do baixo número de estabelecimentos de saúde. São apenas 3.666 espalhados por todos os municípios. No município de Afonso Cunha, onde moram 5651 pessoas, há apenas dois estabelecimentos de saúde, conforme o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Já em Cachoeira Grande, há o mesmo número de hospitais, mas a população é ainda maior: são 8.831 habitantes, o que agrava a situação daquele município. Seriam 4.415,5 pessoas para cada hospital.

http://www.oimparcialonline.com.br/noticias.php?id=17097

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