sábado, 14 de novembro de 2009

Fantasmas de volta

Quem apostou que o escândalo das estradas fantasmas, ocorrido no governo de José Reinaldo Tavares (PSB), continuaria esquecido ou viraria peça abandonada do arquivo morto do Poder Judiciário enganou-se redondamente. Seis anos depois de revelada por Veja, esmiuçada por O Estado - que comprovou e registrou tudo -, apurada pelo Ministério Público e denunciada à Justiça, a escandalosa falcatrua caminha para um desfecho. Na semana passada, depois de ser rejeitado por vários magistrados - que se deram por impedidos -, o pacote contendo a fantasmagoria rodoviária chegou à 2ª Vara Criminal, que tem como titular o juiz Ronaldo Maciel. Para quem não se lembra, o escândalo consistiu num esquema de corrupção em que o governo de então “projetou”, “construiu”, “atestou”, pagou (caro!) e até “inaugurou” estradas que nunca saíram do papel, a começar pelo fato de que “ligariam” povoados que simplesmente não existem. O caso foi denunciado por Veja no início de 2004 e inteiramente confirmado por O Estado naquele ano, em cobertura sem precedentes na imprensa do Maranhão. O Ministério Público entrou em campo, apertou os envolvidos e, após exaustivo e longo trabalho de investigação, confirmou toda a falcatrua e fez a denúncia à Justiça. Na época, o então governador José Reinaldo fez malabarismo midiático para primeiro negar, depois minimizar o escândalo. Principalmente porque o esquema foi comandado pelo seu ex-cunhado e homem da sua inteira confiança, engenheiro João Dominici, secretário estadual de Infraestrutura. Na execução da falcatrua, uma série de empresas de construção civil, entre elas a Petra, do Grupo Lourival Parente, que “construiu” a maioria das estradas fantasmas, tendo recebido pagamentos, todos engordados por aditivos, sem que um palmo de estrada tivesse sido, de fato, construído. Ao desembarcar na 2ª Vara Criminal da comarca da capital, os processos agora caminham para um desfecho em breve. Isso porque o titular da 2ª Vara Criminal, juiz Ronaldo Maciel, tem um histórico de ojeriza à corrupção, o que sugere a conclusão de que os responsáveis pela fantasmagoria rodoviária derraparam e caíram em maus lençóis. Vale aguardar.


http://imirante.globo.com/oestadoma/noticias/2009/11/15/estadomaior.asp

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